quinta-feira, 27 de agosto de 2009

falar sozinho
é meu embaraço
escrever
sobrepor traços
nada factual
conversa fiada
tudo do mesmo
saco
são os outros
ainda faço
média
ser humano
e palhaço
mas sou restos
todo inacabado
escasso
onde começo
e termino
um espaço

vazio

terça-feira, 25 de agosto de 2009

meio só

me sinto assim
um pouco vazio
vazio de tudo

é o sentido de tudo
que é sentido no vazio
ou o sentido do vazio
que é sentido em tudo

me sinto assim
meio cheio
ou meio vazio
um meio não sei turvo

quase penso que
quase que nunca
nem sempre tem sentido

quase esqueço
todo meu ensejo
de querer
bem sem querer
nunca ter dito
o que não tem
e o que não faz

sentido

segunda-feira, 11 de maio de 2009

canta, nega

nega trabalha
(trabalha nega!)
na fila do banco
nega conta os dias
conta todos os dias
conta quantos
são dias de branco
e conta quantos
são todos os dias
de agonia

conta quantos pontos
que nega fez certo dia
tantos quantos contos
nega deixou sob a pia

nega canta
(a conta, nega!)
em dia de branco
nega canta todo dia
canta tantos dias
tantos quantos
são dias de branco
tantos quantos
são todos dias

quando nega canta
é que a dor se alivia
quando se espanta
sem banho de água fria
bem em
meu
meio-dia

quarta-feira, 29 de abril de 2009

há de chegar o dia
em que tudo será fato
esquecerei relógio
e descarregando o fardo
só olharei para o céu
5:34
escrever um haikai
pouco penso
em muito mais

domingo, 15 de março de 2009

nada anormal
cinco letras dormem
ao ponto final.
dente do siso
ser um instante
tudo que preciso